quinta-feira, 30 de abril de 2015

Das minhas tristes palavras…


O significado da paixão

De todas as noites


Encerrado entre cinco paredes

Um pavimento

E tecto

Aluga-se

Meu amor

Barato

Farto das palavras

E do sindicato

Todos os Domingos

Feriados…

E… Domingos

Lembro-me de ti

Meu amor

Da carroça de bois

Penhorada ao silêncio

Das ervas

E

Dos cheiros

A morte alimenta-me

Sinto-a perto de mim

Como sentia o cheiro a “puta”

Quando…

Lisboa

Cais do Sodré

Fome

Não fome

E literatura

Farto-me

De ti

De mim

E deles

O significado da paixão

Pintado na parede da solidão

As palavras reduzias ao pó da insónia

Cresce

A

Noite

Em ti

Meu amor

Das palavras

E palavras

Limitada

Angola à vista

Apenas no mapa da infância

Meu amor

As sílabas apaixonadas do teu corpo

No meu corpo

O inferno

A chuva

Outra vez…

A paixão

O ódio das tristes tardes no jardim

Outra vez o jardim

E o beijo

Outra vez a vida

E o desejo

Em ti

Das minhas tristes palavras…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 30 de Abril de 2015

quarta-feira, 29 de abril de 2015

O covarde


Viajo nas tuas mãos

Andorinha selvagem

Sem poiso

Agreste

Na sombra da viagem

Peço-te o beijo da despedida

Não o queres

E rejeita-lo como se fosse uma faca de sangue

No corpo da paixão

Ignoro a tua ausência

Não percebo porque existem ruas desertas

Mulheres

Mulheres sem nome

Galgando a penumbra madrugada

Sem sossego

Sem

Sem nada

Viajo dentro de ti

À boleia do desejo

A sagrada noite vestida de lentidão

Sem

Sem nada

Amanhece

Cresces entre os desassossegos da liberdade

Trocas o beijo prometido

Por

Ausência

Falta de tempo

Porque amanhã

Tenho de trabalhar…

E eu

E eu amanhã tenho de escrever-te

Dizer-te

Dizer-te o que nunca tive coragem de o dizer

(covarde)

Eu sei

Sempre o fui

E sempre o serei…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 29 de Abril de 2015