quarta-feira, 29 de abril de 2015

O covarde


Viajo nas tuas mãos

Andorinha selvagem

Sem poiso

Agreste

Na sombra da viagem

Peço-te o beijo da despedida

Não o queres

E rejeita-lo como se fosse uma faca de sangue

No corpo da paixão

Ignoro a tua ausência

Não percebo porque existem ruas desertas

Mulheres

Mulheres sem nome

Galgando a penumbra madrugada

Sem sossego

Sem

Sem nada

Viajo dentro de ti

À boleia do desejo

A sagrada noite vestida de lentidão

Sem

Sem nada

Amanhece

Cresces entre os desassossegos da liberdade

Trocas o beijo prometido

Por

Ausência

Falta de tempo

Porque amanhã

Tenho de trabalhar…

E eu

E eu amanhã tenho de escrever-te

Dizer-te

Dizer-te o que nunca tive coragem de o dizer

(covarde)

Eu sei

Sempre o fui

E sempre o serei…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 29 de Abril de 2015

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