sexta-feira, 16 de maio de 2014

amanheceres triangulares


dizem-me os teus olhos
pequeníssimos lençóis de solidão
fios de seda em desejo coração
manhãs adormecidas e sem poiso
dizem-me os teus olhos
que há madrugadas quadriculadas
e amanheceres triangulares
dizem-me...
quando oiço o teu enfeitado sorriso brincando na calçada
e uma criança abandonada
aprisiona o teu olhar e me diz...
o que dizem os teus olhos.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 16 de Maio de 2014

quinta-feira, 15 de maio de 2014

equação sem solução


o olmo cansaço do teu peito
há em ti a penumbra escuridão
sinto-te e sei que não pertences às coisas físicas
talvez não passes de uma equação
tão pobre
e sem solução


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 15 de Maio de 2014

quarta-feira, 14 de maio de 2014

O medo inventa-se em mim


O medo inventa-se em mim,
cresce,
e sorri,
o medo aprisiona-me como aprisiona o paquete mergulhado em nuvens de dor...
o medo é assim,
o medo inventa-se,
e,
e espera pelo regresso da noite para adormecer no meu corpo,

Hoje, hoje não sinto a falta de um abraço,
um beijo,
ou... ou de uma simples carícia,

Hoje, hoje tenho medo,
medo do regresso do medo,
medo das tempestades de areia branca,

O medo inventa-se em mim,
vive como um crustáceo nas rochas da insónia,
caminha,
corre no corredor do amanhecer,
saltita nas janelas da madrugada,
o medo inventa-se,
e... e aparece num esqueleto de vidro mendigando na cidade dos sonhos,
e hoje, hoje não um abraça, e hoje, hoje não um beijo... hoje tenho medo...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 14 de Maio de 2014