terça-feira, 8 de maio de 2012

Hoje Sem sonhos Sem lábios Sem mar

Hoje
sem sonhos
ontem
com o mar
hoje
sem noite
sem lábios
hoje
sem sonhos
ontem
com sonhos
hoje
sem palavras
ontem
sem sonhos
sem noite
sem lábios
hoje
hoje
um dia perfeitamente parvo
sem livros
sem sol
ontem
com chuva
hoje
hoje
ontem junto ao rio
em conversas
hoje
hoje
sem mar
sem sonhos
sem palavras

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Esconderijo

Dentro de uma língua de silêncio
escondes os teus lábios,
no mar
deixas ficar os sonhos
e as gotinhas de orvalho,
nos cortinados da madrugada
abres a janela do desejo
e uma gaivota de prazer
voa sobre os teus olhos de maré
antes da chegada do pôr-do-sol,

a lua do teu ventre
mingua no interior das estrelas de algodão
e todos os pássaros às bicadas a uma mão
que o corpo do homem em solidão
deixou ficar juntamente com os sonhos,

o vento leva tudo
e o mar
no mar
em busca dos meus ossos,

e o mar
no mar
as minhas palavras em congestão
depois do pequeno-almoço,

Dentro de uma língua de silêncio
escondes os teus lábios,
no mar...
e o mar
deitado no teu peito de púrpura amanhecer.

O centro da noite

Às palavras
o pavor de acordar no centro da noite
puxar de um cigarro
e não existirem cigarros
puxar de um livro
e dentro do livro
nada
simplesmente folhas de papel
sem palavras
sem rostos
sem cigarros
e tudo morre dentro do sonho.