quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Os grãos de areia da noite

O que nunca tive
E pensava que tinha
Quando tudo se perde
Entre os grãos de areia da noite
Ceram-se as janelas
E extinguem-se as luzes de néon adormecido
E evaporam-se todas as estrelas do céu
E todos os barcos morrem na madrugada

Perder o que nunca tive
Dormir quando não tenho sono
Porque tudo o que tinha
Perdeu-se entre os grãos de areia da noite
E agora não tenho nada.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O último cigarro da noite

Cerro a janela dos sonhos, pego no mar que pintei na parede do meu quarto e guardo-o na gaveta da cómoda juntamente com velhos papéis amarrotados pelo cansaço do vento, sento-me na cadeira de vime e enrolo o último cigarro da noite, acendo-o e espero, acendo-o espero que os meus braços se transformem em rocha e que nas minhas mãos cessem as lágrimas da primavera, uma gaivota parvamente me sorri, e dou-me conta que amanhã posso não ter tempo pra desfrutar o último cigarro da noite.