domingo, 8 de setembro de 2024

glória seja feita aos teus olhos, porque são lindos.

porque os teus olhos são pedaços de mar,

são a centelha que em cada dia

morre nos braços de um rochedo.

 

porque os teus olhos são o luar,

quando o medo

é apenas uma lágrima

no rosto da manhã.

 

gosto dos teus olhos de mar.

gosto dos teus olhos de mar quando

a minha mão

 

acaricia o silêncio do teu doce olhar.

gosto dos teus olhos de mar…

da maré ao acordar.

Escrevo-te acreditando que as páginas deste livro, um dia, sejam consumidas pelo fogo,

Antes que acorde a noite. Escrevo-te acreditando que nunca lerás estas páginas,

E até me sinto bem

Em saber que não lês estas páginas.

 

Na fúria de um bar, esquecia-me de adormecer, e quando acordava

A outro dia pertencia o meu corpo. Sempre foi assim.

Levitar sobre as janelas de um barco, perceber pelo olhar que este barco

De brincar,

Pertence aos bonecos da minha infância.

 

O mar puxava-me e eu ia no seu olhar. Um livro escrito por mim, morre ao som do

Silêncio. A espada crava-se no dorso, grita pela madrugada

E dias depois,

É apenas um punhado de sangue sobre a clareira.

 

Até que vinha um pássaro e me segredava

Que depois da alvorada,

Um lírio iria sorrir para mim…

 

Era a minha mãe!

Esquina de luz

 

Uma esquina de luz incendeia a noite

Escura de ti

Ausente de mim

Este martírio de viver

De ser

Assim

 

Há uma voz de mulher a escrever na sombra

O poema do adeus

Adeus sempre que acorde

Uma estrela

 

Nada faz sentido

Viver, não faz sentido

Dormir muito menos

Faz sentido

 

Uma esquina de luz incendeia a noite

Escura de ti

Sem uma única janela

Nem um olhar teu, um só

Como são distantes as flores do teu cabelo

Quando a manhã é apenas uma folha de silêncio

Nos teus lábios

 


Luiz Pacheco, Luís José Gomes Machado Guerreiro Pacheco (Lisboa 7 de Maio de 1925, Montijo 5 de Janeiro de 2008).

Luiz Pacheco foi escritor, tradutor, crítico e editor (fundou a editora contraponto), onde publicou os maiores nomes do surrealismo português.

Luiz Pacheco foi e é um dos maiores escritores de meados do Sec. XX.

Actualmente os seus livros são raros, tenho-os quase todos, adquiridos em alfarrabistas e afins.

 

Editem o Pacheco, porra.

 


Faz hoje uma semana que na CMTV um imbecil qualquer, que nem sequer me atrevo a apelidá-lo de jornalista, porque tem mais de burro do que outra coisa, e relativamente ao acidente do helicóptero que vitimou os 5 militares da GNR, dizia esse imbecil que apenas faltava recuperar o router.

Pois é, senhor imbecil; router tem a ver com internet e rotor, essa sim, era a peça que procuravam no rio Douro.

 

Como é possível que as televisões tenham descido tão baixo.

 

Antigamente, os apresentadores de televisão e jornalistas eram homens e mulheres com uma grande cultura geral que dava gosto ouvi-los; hoje, qualquer imbecil é apresentador(a) e jornalista.

 

Assim, vamos…

Hoje as televisões são um esgoto a céu aberto.

 


Parece que uma tal de Kika, fútil e influenciadora da parvoíce, ganha em média por cada publicação nas redes sociais 5000 euros. Por cada vídeo de poucos segundos, 20000 euros.

Recordo a polémica de quando esta tal de Kika foi a escolhida para uma novela da TVI em detrimento da neta da grande Eunice Muñoz, Lídia.

Lídia Muñoz tem formação superior em teatro.

Mas ao que parece, tem poucos seguidores nas redes sociais…

E talvez as maminhas da outra sejam sinal de mais audiências… 

Assim anda este país da parvoíce.

palavras de sofrer

há um livro sem nome

num corpo sem destino

há palavras com fome

na boca de um menino,

 

há um livro de horror

dentro da noite ancorada

há personagens com dor

à procura da madrugada,

 

há um livro Há um livro cansado

na janela do amanhecer

um livro apaixonado

pelas palavras de sofrer...