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domingo, 8 de setembro de 2024

 


Faz hoje uma semana que na CMTV um imbecil qualquer, que nem sequer me atrevo a apelidá-lo de jornalista, porque tem mais de burro do que outra coisa, e relativamente ao acidente do helicóptero que vitimou os 5 militares da GNR, dizia esse imbecil que apenas faltava recuperar o router.

Pois é, senhor imbecil; router tem a ver com internet e rotor, essa sim, era a peça que procuravam no rio Douro.

 

Como é possível que as televisões tenham descido tão baixo.

 

Antigamente, os apresentadores de televisão e jornalistas eram homens e mulheres com uma grande cultura geral que dava gosto ouvi-los; hoje, qualquer imbecil é apresentador(a) e jornalista.

 

Assim, vamos…

Hoje as televisões são um esgoto a céu aberto.

sábado, 28 de setembro de 2013

Quase noite em ti

foto de: A&M ART and Photos

Se cair a máscara que esconde os teus olhos de viro cinzento, perceberás que o tempo dança nos cortinados do cansaço, ouvem-se vozes vomitando palavras, algumas delas, são palavras em segunda mão, frágeis, vagueando nas pedras finas das calçadas em madeira estrangeira, e dos teus sonhos sonâmbulos, gritávamos pétalas de pólen abraçadas à confusão quando arde a lareira do medo, tínhamos a vontade, tínhamos o prazer de conquistar a saudade, e mesmo assim, fomos adormecendo, acomodámos-nos às prisões invisíveis da pretoriana escumalha que caía das mangueiras como pássaros comendo goiabada, havíamos de descobri a palavra
Medo?
E do medo acordavam as sandes de marmelada, o chouriço fumegava no cinzeiro entranhado em beatas e beijos de cinza voando e poisando sobre os móveis da sala de jantar, quase nunca o tínhamos, quase que pertencíamos às plantas em papel crepe que a vizinha do rés-do-chão construía durante a noite e nos vendia logo pela manhã à porta do prédio caquéctico da tia Adosinda,
Medo
Ela surda como uma porta,
O que foi, menino?
Nada, nada,
Medo de quê e de quem?
Medo
Ela surda como uma porta,
O que foi, menino?
Cinco coroas na minha mão, descia sorrateiramente as escadas graníticas e só abrandava quando encontrava a rua principal, a que me levava, acompanhava... até encontrar a velha escola que depois um parvalhão mandou destruir, e hoje
Banco de jardim, a madeira sorri, e mergulha nas nádegas das tempestades do cio encarnado, havia no recreio uma árvore onde me pendurava a imitar o Tarzan da televisão a preto-e-branco com formigas de vez em quando, ouvia os sons inconfundíveis da Chita e percebia que um dia, no futuro
Medo?
Medo de quê e de quem?
Medo
Ela surda como uma porta,
O que foi, menino?
Jane... Jane apareceria, retirava a máscara e dos seus olhos de vidro cinzento o tempo dançava nos cortinados do cansaço, ouviam-se vozes vomitando palavras, algumas delas, eram palavras em segunda mão, frágeis, vagueando nas pedras finas das calçadas em madeira estrangeira, e dos seus sonhos sonâmbulos, gritavam pétalas de pólen abraçadas à confusão quando ardia a lareira do medo, tínhamos a vontade, e
E o medo morre como uma pedra sem coração; cessam as canções dos teus lábios e brevemente acorda em nós a geada, e brevemente as flores aprendem o significado...
havíamos de descobri a palavra
Medo?
E o medo... o medo é um gajo muito “filho da puta” que não mete medo a ninguém... (E do medo acordavam as sandes de marmelada, o chouriço fumegava no cinzeiro entranhado em beatas e beijos de cinza voando e poisando sobre os móveis da sala de jantar, quase nunca o tínhamos, quase)
Quase noite em ti.

(não revisto – ficção)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 28 de Setembro de 2013