domingo, 8 de setembro de 2024

Escrevo-te acreditando que as páginas deste livro, um dia, sejam consumidas pelo fogo,

Antes que acorde a noite. Escrevo-te acreditando que nunca lerás estas páginas,

E até me sinto bem

Em saber que não lês estas páginas.

 

Na fúria de um bar, esquecia-me de adormecer, e quando acordava

A outro dia pertencia o meu corpo. Sempre foi assim.

Levitar sobre as janelas de um barco, perceber pelo olhar que este barco

De brincar,

Pertence aos bonecos da minha infância.

 

O mar puxava-me e eu ia no seu olhar. Um livro escrito por mim, morre ao som do

Silêncio. A espada crava-se no dorso, grita pela madrugada

E dias depois,

É apenas um punhado de sangue sobre a clareira.

 

Até que vinha um pássaro e me segredava

Que depois da alvorada,

Um lírio iria sorrir para mim…

 

Era a minha mãe!

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