aqui sou feliz
aprendendo aos poucos,
lentamente
a ser feliz
cada vez te odeio mais,
ranhosa manhã que alimenta os volantes tímidos dos motores em papelão, que
pincelados de alegria,
se transformam em chuva
cada vez te odeio mais,
ranhosa
água que se esconde
dentro de um vidro, vidro esse, que no passado
era o meu rosto
vestido de noite
cada vez mais te odeio,
ranhosinha
(primeira parvoíce do
dia: odiar)
o método invisível de eu
estar vivo, e caminhar sobre a sombra de um corpo envenenado pelo suicídio de
uma espada,
sobre o meu peito
cruzo as mãos nas flores
da alvorada, sou agora um pássaro que ama
e que é amado pela
invisibilidade do silêncio
levito nos teus seios,
caminho dentro da tua vagina, quando um fio de luz,
explode na minha mão
até agora, apenas algumas
folhas de videira, que no cansaço da madrugada,
atiram pedras aos anjos
e às estrelas
e o teu corpo é uma nuvem
de desejo,
nos lábios do mar
31/08/2024
conversas vaginais,
algumas bugigangas e coisas inúteis, que se vendem na rua
o sono esconde-se nos
teus mamilos, a maré em desejo traz a urja, cabeça boiando sobre a praia,
um gemido, teu, ergue-se
até ao céu
mais parecendo um
foguetão de areia
do que um uivo de prazer,
quando gemes porque o poema tem o orgasmo nos teus olhos,
estrelas, estrelas de
sémen percorrem as tuas coxas, rio envenenado
à procura do mar
no mar da tua vagina.
sítios são arbustos
semeados na tua mão,
quando os teus lábios me
beijam
A árvore é branca, a
árvore embaciada à janela da tarde, um olhar morre de aflição
a árvore dorme nas minhas
mãos, escrevo amo-te no pavimento térreo da insónia, e este pássaro
mistura-se nas cores da
alma
Este quadro faz-se homem,
mexe-se aos poucos na noite, invento na paleta palavras para pincelar
este quadro
em amar os teus olhos
se uma pedra me tocasse
disfarçada de vento
vestida de gente
se uma pedra me falasse
me apedrejasse
quando nasce o dia
depois do lamento
que o poeta transforma em
poesia
se uma pedra fosse uma
lágrima, ou um pedaço de sémen da noite passada
se uma pedra escrevesse
no meu sexo, na minha lentidão
palavras, pedras então
me falassem e não
soubessem
o quanto distante é a
madrugada
Dóceis, os teus lábios de mel
se nas mãos tens pedras
para me apedrejares
se nos olhos tens o lume
para me incendiares.
Dóceis, os teus lábios de mel
se na boca tens palavras
para me humilhares
se no cabelo tens o vento
para me acorrentares
à noite.
Dóceis, os teus lábios de mel
se no sorriso tens a insónia
para lançares na minha noite
a noite anterior.