sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Acordar

 

(para ti)


É tão lindo, meu amor, é tão lindo o teu sorriso

Quando invade a manhã,

São tão lindos, meu amor, os teus olhos em pedacinhos de estrelas

Voando sobre o sorriso do mar.

 

São belos, meu amor, são belos os teus cabelos balançando na sonolência do vento, escrevendo na insónia o silêncio de um pequeno desejo,

De um pequeno momento.

 

São tão frágeis, meu amor, as tuas mãos de fada

Acariciando a alegria de uma criança

Quando vê pela primeira vez o mar.

 

São tão finos os teus lábios, meu amor

Tão finos e tão belos como quando a noite tem luar

E quando dos teus lábios acorda um beijo.

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

 

Abraça-me. Mulher lírio, frio do campo, traz na saia despida, uma nódoa de esperma, da noite passada

mulher, mulher amada,

que me abraça, no lírio beijo da madrugada.

 

Uma violenta explosão ocorreu hoje pela manhã no parque de lazer e desportivo de Alijó.

Ficaram feridos, um tractor, dois pássaros, e algumas rãs do lago, com o impacto da explosão, desmaiaram.

Foram chamadas as autoridades policiais, e procedeu-se ao encerramento do referido parque.

À hora do fecho desta redacção não nos foi confirmada para quando a reabertura do mesmo.

 

Ó meus senhores, não era preciso tanto alarido por causa de uma bombinha sobrante dos festejos em Honra de Santa Maria Maior.


Aqui está a primeira parvoíce do dia. 




Peniche/2024. 
Duas formas diferentes de olhar o mesmo rochedo. 

sermão às pedras. 
 

 

O primeiro barco aproxima-se do meu corpo. Sinto-o. Sinto a noite do aço frio que toca na minha pele,

E um oceano de luz

Voa sobre o meu cabelo desajeitado,

No primeiro degrau da manhã,

Quando ainda o padeiro

Mete lenha ao forno,

E eu,

Espero e desespero

Pelo pão freso do pequeno-almoço.

 

Tomo o primeiro café. Tomo o segundo café. Fumo o quinto cigarro,

E quase que adormeço em frente ao espelho.

Vou à janela, a paisagem de sempre, os pássaros de sempre, os sons de sempre.

Apenas o poema que acabo de ler, não é o poema de ontem.

Outro barco se aproxima, do meu corpo, e percebo que muito em breve vou ficar prensado entre dois pedaços de aço. Fico sem sexo.

Fico sem mãos, para acariciar o meu sexo. Sou agora uma fina lâmina de sono… à procura de uma sucata.

 

Tomo banho. Não desfaço a barba, porque não gosto de desfazer a barba.

Tomo o meu terceiro café e fumo o meu sexto cigarro. E sento-me um pouco nas escadas, e fico por ali, acreditando que um qualquer sucateiro virá buscar os meus destroços…

 

Assim é, o acordar deste poeta.


 

Estás triste, sinto-o. Estás triste porque a flor do teu jardim, anda triste, sente-se muito só.

Estás triste, vejo no teu olhar, e percebe-se da tua voz,

Que estás triste.

Se eu ao menos pudesse fazer alguma coisa por ti…

Ou pela flor do teu jardim…

Mas eu seu poeta, e não posso fazer nada.

Apenas sei escrever

E semear palavras na madrugada.