terça-feira, 6 de agosto de 2024


 um pouco de humor


 

tínhamos o mar, tínhamos a areia

tínhamos todo um oceano de girassóis,

tínhamos o silêncio e o poiso, quando desenhávamos um abraço

no sorriso infinito da maré. tínhamos até

a arte de mentir, e eu esquecia-me das flores e das árvores.

tínhamos um filho, uma palavra secreta, tínhamos coisas estranhas, esquisitas, e tínhamos o desejo.

de ser sempre noite, dentro de nós.

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

 

é quase noite nos teus seios, quase, desejo quase, de escrever nos teus lábios;

quase que me despeço, quase, que te amo.

 

quase que te abraço neste oceano de insónia, quando apareces no meu quarto,

e sorris…

para quase.

 

sempre.

é quase o teu loiro cabelo dançando nas folhas verdejantes dos plátanos, que sonham com pássaros, e pássaros

que amam as flores do teu jardim.

 

é quase noite nos teus seios, quase, desejo quase,

quase nos teus lábios.

Meu sorriso da manhã

Que trazes o mar aos meus lábios

Que afugentas os meus fantasmas

E me roubas o sono das noites de insónia,

 

Meu sorriso das estrelas sem nome

Que poisas no meu peito

Que entras no meu peito

Onde habita este meu pobre coração,

 

Meu sorriso

Das tristes e cinzentas manhãs,

Sorriso meu

Entre luares de Inverno

E esta vida de inferno,

No inferno de desejar

Que o mar

E o amar…

Sejam o teu sorriso da manhã.

domingo, 4 de agosto de 2024

Sento-me numa esplanada, bebo dois cafés, e saboreio a avenida em silêncio

Trago um livro comigo, o bebedor de horizontes, Mia Couto, abro-o e leio-o.

Sou levado para a minha África de infância. Vejo o meu pai a pegar-me na mão e a levar-me a ver os barcos ao porto de Luanda,

Muito pequeno, eu, colocava as mãozinhas nos bolsos dos calções, com a cabeça a quarenta e cinco graus, e em bicos de pés

Deliciava-me com todos aqueles monstros; os barcos.

Hoje sou apaixonado por barcos e pelo mar.

Dois amigos invisíveis sentam-se na minha mesa. Pergunto-lhes como estão

Que estão bem, graças a deus

E pouco tempo depois,

Levantam-se e desaparecem na alvorada dos plátanos verdejantes.

Distraio-me um pouco…

Olho a empregada, levanto-me e vou embora…