foto de: A&M ART and Photos
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São as tuas mãos frias e doces que
alimentam o meu olhar
são as tuas mãos a lareira do desejo
o sincelo amigo nas manhãs nubladas
são elas a chuva prometida
que a tua pele doirada absorve
como caramelo derretido numa panela de
pressão angustiada
as vãs noites resfriadas enquanto
espero por elas...
… as tuas mãos que poisam no rosto
do sem-abrigo
e aquecem o mendigo
são as tuas mãos frias...
e doces...
e singelas sesmarias que alimentam o
meu olhar
São as tuas mãos frias
aquelas que o papel engole quando às
palavras vem a tristeza
o barco recusa-se a navegar no teu
corpo
e o mar
e a madrugada lívida dos pássaros
marinheiros
voam sobre a cidade dos homens
abandonados
e se não fossem as tuas mãos
aquelas... as tais... que dizem ser
frias...
e se não fossem elas?
nós?
Imaginas a nossa vida...
vivermos sem saber o que são as tuas
mãos frias
E doces que alimentam o meu olhar
o mundo seria quadrado
a lua talvez fosse filha de um
triângulos isósceles
pobre como eu
tão pobre que nem se consegue ver no
céu...
se não fossem as tuas doces e tristes
mãos
o que seria da raiz quadrada e do
cosseno de trinta grados?
e tu miúda
bela e tão bela
preocupada com um borbulha... coisa
insignificante
porque são as tuas mãos
as tais... as doces e frias... as
janelas da solidão.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 28 de Dezembro de 2013