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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

os roseirais da tia Guilhermina

foto de: A&M ART and Photos

não percebes que vivo enclausurado num caixote de vidro
que uso suspensórios
tenho falhas de memória
não percebes que eu vivo
prisioneiro de uma tempestade de areia
onde vivem nuvens com perfume de laranjeira...
que adormeço sonhando com rochas suspensas no tecto do sótão enraivecido
dos gritos vulcânicos da montanha da morte

não percebes que és uma mentira vestida de negro
passeando pela noite até encontrar o espelho da vaidade
sorrindo às vezes
chorando quando caiem os desenhos abstractos das paredes envergonhadas...
(sou de ti) responsável pelo teu fingimento
como são os livros das tuas mãos
como são...
os roseirais da tia Guilhermina

marinheiros vagabundos dormindo sobre mesas embriagadas
e não percebes
não entendes
que há marés de madeira
e todas as semanas aparece um Pôr-do-Sol nos cortinados do medo
os roseirais da tia Guilhermina
morrem e querem de ti o esqueleto mentiroso
que as palavras dissipam na claridade dos pequenos teus olhos verdes


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 28 de Agosto de 2013