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sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Pedras cinzentas


 

Olho-te na claridade nocturna da paixão

E este corpo que transporto

Agacha-se junto às pedras cinzentas

Que iluminam o teu sorriso

Pareço o vento

Sou o vento

Quando dorme no teu cabelo

E te abraça como um louco poema

Louco só

Quando as palavras

Se alicerçam aos teus olhos de manhã ensonada

Olho-te sem perceber porque morrem as crianças

Porque choram as crianças no Inverno

Que trazem nas veias o derradeiro veneno

E perdem-se nos corredores da dor

Olho-te na claridade nocturna da paixão

Que neste pobre desenho habita

E depois da morte

Vêm os braços da fé

Quando rezas

Quando te ajoelhas junto ao altar da maré dos silenciados luares

Uma lareira incendeia as tuas mãos

Que ergues a Deus

E no desenho

Acordas para a reencarnação

 

 

Alijó, 28/10/2022

Francisco Luís Fontinha