A cada traço que acorda
da minha mão
Há uma estrela que morre
Uma criança em fome
Um parvalhão de um rico
Rico
Que não se cansa de
humilhar
Um silenciado pobre
Pobre,
A cada traço que acorda
em mim
Há uma jangada de solidão
Um planeta maldisposto
Em ressaca
Há um segundo neste meu
relógio sem dono
Que se mata
A cada traço
… nada,
Em cada traço de mim
Há uma auto-estrada
Onde na faixa da esquerda…
Circulam as palavras
proibidas…
E na faixa da direita…
A cada traço
Nada,
Em cada traço de mim
Em mim
Desta mão
Um pequeno traço que se
ergue
A lua com febre
De mim
Aquele traço
Naquele triste jardim,
A cada traço…
Que desta mão se ergue
E reza
Reza sem razão
As palavras proibidas
Que o poeta coitadinho…
Esconde
A cada traço de sua mão.
01/07/2023
Francisco