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sábado, 1 de julho de 2023

Relógio

 

A cada traço que acorda da minha mão

Há uma estrela que morre

Uma criança em fome

Um parvalhão de um rico

Rico

Que não se cansa de humilhar

Um silenciado pobre

Pobre,

 

A cada traço que acorda em mim

Há uma jangada de solidão

Um planeta maldisposto

Em ressaca

Há um segundo neste meu relógio sem dono

Que se mata

A cada traço

… nada,

 

Em cada traço de mim

Há uma auto-estrada

Onde na faixa da esquerda…

Circulam as palavras proibidas…

E na faixa da direita…

A cada traço

Nada,

 

Em cada traço de mim

Em mim

Desta mão

Um pequeno traço que se ergue

A lua com febre

De mim

Aquele traço

Naquele triste jardim,

 

A cada traço…

Que desta mão se ergue

E reza

Reza sem razão

As palavras proibidas

Que o poeta coitadinho…

Esconde

A cada traço de sua mão.

 

 

01/07/2023

Francisco