Há um gemido-uivo
Em cada olhar do teu cabelo
Em cada silêncio dos teus
lábios.
Há um gemido-uivo
Que pertence à noite
Que é construído em aço
laminado
E no peito
No peito brincam os
meninos da sua infância…
Há um gemido-uivo
Triste
E coitado
Um gemido-uivo em cada parêntesis
da tua mão
Depois da tempestade
zarpar.
Há um gemido-uivo
Em uivos-gemidos de medo
Quando o tédio desce à
cidade…
E a cidade
Entre outros gemidos de
medo…
Come o gemido-uivo
Que existe em cada olhar
do teu cabelo.
Há um gemido-uivo
No Oceano do teu sorriso
Um gemido sem Pátria
Que fez o serviço militar
em algures por aí…
E crucificaram-no num
belo dia de silêncio
Junto ao peito da saudade.
Há um gemido-uivo
Um pequenino gemido-uivo
Com medo
Com fome
Que grita
Que chora
Que não come…
Um gemido-uivo do
além-mar
Deste mar que não morre.
Francisco
14/06/2023