foto de: A&M ART and Photos
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Sentes o vento nos finos tapetes de
solidão, e cansas-te, e murmuras...,
e murmuras os ínfimos castigos da
cidade em construção,
tens medo dos holofotes que a madrugada
desenha na tua vidraça, choras?
das gravuras que deixaram no teu olhar
sinto a voz do silêncio,
observo as árvores que balançam, e
quebram...
choras?
sentes o vento nas acácias manhãs de
Inverno,
tempestuosas,
tormentosas...
como as mentiras dos carrinhos de
choque na feira da alegria,
há sempre uma palavra no teu sorriso,
há sempre um sorriso meu... nas
palavras tuas,
Sentes, choras, sentes os orifícios
das conchas perdidas,
ouves o mar, e sabes que dentro dele
eu, eu... eu brinco nas invisíveis ondas de espuma,
desço às profundas mágoas que a
tempestade transporta,
há uma porta de entrada vazia,
chorosa... ranhosa..., uma porta com dentes de carvão,
sentes e choras, e brincamos como
crianças nas tristes ardósias junto ao rio,
há socalcos dentro de socalcos,
há ruas perdidas dentro da tua
algibeira...
sentes o vento nos finos tapetes de
solidão, e sabes, e sabes que hoje tive uma bandeira na minha mão,
cresceu uma flor no meu cabelo,
e diz-me o espelho nocturno dos
milagres incompreendidos que... que amanhã...
que amanhã não choras, que amanhã
não sentes,
que amanhã melhoras.
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 4 de Janeiro de 2014