GOSTO DO HERBERTO CADA
VEZ MAIS,
MAS É TÃO DIFÍCIL LÊ-LO…
Quando uma pedra te pede pão
E tu não tens pão para
lhe dar
Quando uma criança te
pede um sorriso
E tu apenas tens lágrimas
para lhe dar
Quando um cigarro te pede
um pulmão
E tu apenas tens um
cancro para lhe dar
Quando a Primavera te
pede um beijo
E apenas tens uma
fotografia para lhe mostrar
(Francisco
14-04-2024)
Nesta última fase do poeta, ele não se cansa de cantar o amor e sua amada; se é que existe amada.
Não o fará tão cedo, isto
é, escrever sobre o amor…!
O que é o amor?
Sentir e não ver?
Ver, sentir e não poder
tocar?
Será o amor
Uma flor?
Um verso…?
Um beijo inventado nas
mãos da lua?
Ou será o amor apenas uma
palavras; AMOR.
(Francisco)
Tenho uma árvore enfeitada com corações
e
conheci uma rapariga
que
no final da tarde antes de adormecer o dia
sentada
na margem direita do rio do amor
pesca
corações
eu
ia a passar
(ao
longe um barco me acena)
eu
ia a passar e senti no peito
uma
leve picada de sorriso
era
ela
(ao
longe um barco acena-me e envia-me beijos)
era
ela a pescar o meu coração
tenho
uma árvore enfeitada com corações
com
os corações pescados pela rapariga
que
conheci sentada na margem direita do rio do amor
no
final da tarde antes de adormecer o dia.
(Francisco)
O meu problema não é amar-te loucamente
O meu problema é o custo
elevado do arroz da carne do peixe de tudo da gasolina dos cigarros…
Vês, meu amor?
Muito mais complicado do
que amar-te
É o custo elevado das
coisas
No entanto
Não me queixo
Porque havia eu de me
queixar?
O meu problema não é amar-te
loucamente
O meu problema são os
poemas são os livros que escrevo e que leio e que não me canso de ler e de
escrever…
Esse sim um grande
problema
O meu problema não é amar-te
loucamente
O meu problema é amar-te
loucamente
(Francisco)
Conheci uma pedra azul
com lábios de mar
tem braços de saudade
e mãos de desejo
tem boca de amar
e poemas de beijo
conheci uma pedra azul
com olhos de sonhar
(Francisco)
AMO-TE
SIM, AMO-TE
DESEJO-TE
SIM, DESEJO-TE
QUERO-TE
SIM, QUERO-TE
O VENTO SÓ SERÁ O VENTO
QUANDO O TEU CABELO FOR O
VENTO
A CHUVA SÓ SERÁ A CHUVA
QUANDO A CHUVA FOR OS
TEUS OLHOS
O SOL SÓ SERÁ O SOL
QUANDO O SOL FOR O SOL
DOS TEUS LÁBIOS
O TEU CORPO SÓ SERÁ A
PRIMAVERA
QUANDO A PRIMAVERA FOR A
LUA
E O LUAR
SER O TEU CORPO
SER O MEU MAR
(Francisco – 13/04/2024)
O sofrer do amar luar
O querer ou não o ter
Não ter tempo
Não ter lugar
O sofrer do amar luar
O primeiro beijo
invisível da manhã
Bom dia meu amor
Não ter tempo nem lugar
O sofrer do amar luar
Se a noite te trouxe o desejo
Se a noite não te querer
Não ter lugar
Para viver
(Francisco – 13/04/2024)
A NOITE É UM CORPO SEM BOCA
É UMA BOCA SEM BRAÇOS,
SEM PERNAS
A NOITE É UMA BOCA, É UMA
LANTERNA
QUE AMA OUTRA BOCA
A BOCA É POUCA
E A NOITE É LOUCA
E É TÃO POUCA
EU SOU A NOITE
E NÃO TENHO CORPO
MAS SOU LOUCO
A NOITE É UM CORPO SEM
CABELO
É UMA PEDRA LAPIDADA, É
UM DIA FLORIDO
NAS MÃOS DE UMA AMADA
A NOITE É UMA SANZALA DE
BOCAS, É UM UÍSQUE QUE DURA A NOITE TODA,
QUE DESCE À NOITE,
QUE SOBE A UMA OUTRA
NOITE,
NO ENTANTO, PERCEBO QUE
ESTA NOITE PASSADA, AMEI-TE, LOUCAMENTE,
COMO NOITE.
A NOITE É UM CORPO SEM
BOCA
É UMA BOCA SEM BRAÇOS,
SEM PERNAS
A NOITE É UMA BOCA, É UMA
LANTERNA
QUE AMA OUTRA BOCA
A BOCA É POUCA
E A NOITE É LOUCA
E É TÃO POUCA
QUE AMA OUTRA LANTERNA
A NOITE É UM CORPO
SEM BOCA
(Francisco, 13/04/2024)
É este, o amor, sentido proibido da noite,
há um semáforo, está
encarnado, e o amarelo é uma vertigem, uma imagem interrompida pelas ondas do
mar.
É este, o amor, suicídio
complexo, quando o poeta corta o pulso, e em vez de sangue, há um jorro de
sílabas, estão tontas,
e apaixonadas.
Há uma vírgula que beija
loucamente um ponto de interrogação, e este, com ar de gozo,
tu me amas?
Que dirá a vírgula,
quando a única e despedida palavra
É SIM.
É este o amor, de te amar
e de me querer esconder
sobre a árvore junto ao
rio,
é este o sono, é este o
amor, miserável viver, escrever
escrever sobre o mar.
É este o amor, este
sentido proibido da noite,
milhões de vidas, para
quase meia dúzia de corpos,
e duas ou três bocas.
É este, é este o amor,
milagre invisível das flores solteiras, há uma lágrima dentro deste amor, há
uma espada que se crava a cada rotação da terra, é funda, tão funda a margem deste
rio.
(Francisco, 12/04/2024)
É quase o mar, quase gente, quase morte.
É quase luar, quase, é quase sorte
encontrar
uma lâmpada de néon no mar.
É quase Primavera, quase, quase
madrugada.
É quase tombo certo quando desço esta calçada
que é quase, é quase amanhecer
é quase morte, é quase viver.
É quase loucura,
é quase destino, quase… é quase ternura
que este jardim sente.
É quase manhã, quase… é quase tormento
no destino do vento
em ser quase gente.
(Francisco)
12/04/2024
Loucamente te amei
quase louco te amei
e fiquei.
Loucamente inventavas
na folha alumínio da minha mão
círculos
paixões.
Insónias.
Diarreia
dores
suores…
loucamente te amei
e quase louco fiquei,
no entanto, às vezes, apetece-me amar-te
novamente,
novamente louco
loucamente te amar.
(Francisco)
12/04/2024
Branca égua no silêncio acordar, salta sobre o mar a cobra com sua boca a arfar,
na sua boca semeia,
lança…
o veneno que me vai matar.
Branca égua no silêncio acordar,
que não acordará mais,
quando a este rio pertencer o lápis
e a vírgula,
a branca égua no silêncio acordar…
em despedida.
Branca égua no silêncio acordar, o sabre
que esquarteja o vento
dentro de uma pirâmide de insónia,
branca é a égua,
no alimento
e na estória.
(Francisco)
12/04/2024
Só, este corpo esquelético, este corpo apedrejado
pela noite severa, se a lua me alegra,
eu direi que não
não me alegra esta lua.
Só, este corpo de papel, este corpo de
palavras…
Que a noite devora, que a noite
inventa nas estrelas. Só, este corpo
que me entristece, neste corpo… que
emagrece.
(Francisco)
É isto a vida,
mas, que vida?
Uma vida
não vivida,
não ter onde dormir
ou comer,
é isto a vida,
esta vida de viver?
Que vida,
que rica vida…!
Dormir no carro,
abrir o vidro,
olhar as estrelas…
Que rica vida, esta vida!
(Francisco)
12/04/2024
Quem são os lírios da tua noite, quantos são, os lírios da tua noite,
Quando imagino a tua noite, uma noite
como tantas noites, um pouco diferente, da minha noite.
Como são, os lírios da tua noite, quando
a tua noite é a parte feliz da lua, e a minha noite, é a parte escura da lua.
Como se chama, cada lírio da tua noite, como
se sentam sobre o mar, cada um dos lírios da tua noite.
Quem são, quantos?
Os lírios, meu amor
da tua noite.
(Francisco
– 12/04/2024)
A cena passa-se numa esplanada.
uma mesa, quatro cadeiras,
apenas uma cadeira está desocupada,
estão sentados à mesa, um poeta, o migo
do poeta e um livro de poesia
o poeta sorri e diz; está um lindo dia.
O amigo do poeta, diz; tenho mais dias
infelizes, do que felizes, no final de cada mês,
e quanto ao livro de poesia,
folheava-se nos dedos da sombra.
A cena passa-se numa esplanada.
Um pedaço de sombra, dispara uma
espingarda,
o livro de poesia, tomba no pavimentado
chão.
O poeta, deita a mão ao peito, e exclama
baixinho: já não tenho coração.
O amigo do poeta, ao ver toda aquela
cena, levantou-se, puxou de um cigarro…
E deitou-se no chão como se fosse uma
pedra, à procura de uma mão.
Então, depois do pôr-do-sol, os três
homens levantaram-se, poisaram as mãos na algibeira,
alguém gritou;
fujam, fujam que hoje não é sexta-feira.
(Francisco)
11/04/2024
Por ti
Oiço o Oceano Pacífico online, e por ti
Deixei de ouvir a TSF,
Não sei, irrita-me.
Por ti, oiço o Oceano Pacífico online,
fecho os olhos, e sinto todo o mar dos teus olhos, a aproximar-se, dos meus
olhos.
Fechos os olhos e estou sentado no
jardim, finais de 80 e princípios de 90.
E por ti, agora, oiço
O afagar da tua voz quando os meus olhos
te olham como se fosses o único raio de sol da manhã,
No entanto,
Oiço o Oceano Pacífico online.
Por ti
Oiço,
Que direi, a cada poema que eu escrevia
no silêncio da sombra dos plátanos,
Tenho saudades, de quando me vestias de
plátano, davas-me a mão…
E só acordávamos quando a tua mãe te
perguntava
Quem era o poeta.
Por ti,
Oiço o Oceano Pacífico online…
E claro, eu só posso estar maluco
Quando o Oceano Pacífico online me traz
uma Lisboa urbana, arranjadinha, traz-me um rio, putas, traz-me o mar e a Calçada
da Ajuda.
Traz-me Belém.
Traz-me Santa Apolónia,
Santarém,
E trazia-me droga.
Oiço o Oceano Pacífico online, sou
transportado em viagem acessória,
Com pouca bagagem,
Para um outro apeadeiro, que juro, jamais
quero voltar;
E juro que rezo,
Nunca mais essa fotografia olhar.
Por ti,
Oiço…
Hoje.
O Oceano Pacífico online.
(Francisco)
11/04/2024
De ti me despeço liberto
Coberto
Por este oiro amansado,
Me desculpem… mas sinto-me muito cansado
Do cansaço de me despedir.
Despeço-me e vou partir
E vou para onde o vento me levar…
Nem que o meu último destino, seja o
mar.
De ti me despeço liberto
Na boca de um leão faminto
Libertino e sabedor do que está certo.
De ti me despeço liberto
Por ti estou neste labirinto…
Sem saber o que é correcto.
(Francisco)
11/04/2024