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domingo, 14 de abril de 2024

 

GOSTO DO HERBERTO CADA VEZ MAIS,

MAS É TÃO DIFÍCIL LÊ-LO…

Fotografia

Quando uma pedra te pede pão

E tu não tens pão para lhe dar

Quando uma criança te pede um sorriso

E tu apenas tens lágrimas para lhe dar

 

Quando um cigarro te pede um pulmão

E tu apenas tens um cancro para lhe dar

Quando a Primavera te pede um beijo

E apenas tens uma fotografia para lhe mostrar

 

(Francisco

14-04-2024)

Amor

Nesta última fase do poeta, ele não se cansa de cantar o amor e sua amada; se é que existe amada.

Não o fará tão cedo, isto é, escrever sobre o amor…!

O que é o amor?

Sentir e não ver?

Ver, sentir e não poder tocar?

Será o amor

Uma flor?

Um verso…?

Um beijo inventado nas mãos da lua?

Ou será o amor apenas uma palavras; AMOR.

 

 

(Francisco)

o poeta no seu esconderijo...


 (Francisco)

A rapariga que pesca corações

Tenho uma árvore enfeitada com corações

e conheci uma rapariga

que no final da tarde antes de adormecer o dia

sentada na margem direita do rio do amor

pesca corações

 

eu ia a passar

(ao longe um barco me acena)

eu ia a passar e senti no peito

uma leve picada de sorriso

era ela

(ao longe um barco acena-me e envia-me beijos)

era ela a pescar o meu coração

 

tenho uma árvore enfeitada com corações

com os corações pescados pela rapariga

que conheci sentada na margem direita do rio do amor

no final da tarde antes de adormecer o dia.

 

 

(Francisco)

sábado, 13 de abril de 2024

Viagem de sonho

O meu problema não é amar-te loucamente

O meu problema é o custo elevado do arroz da carne do peixe de tudo da gasolina dos cigarros…

Vês, meu amor?

Muito mais complicado do que amar-te

É o custo elevado das coisas

 

No entanto

Não me queixo

Porque havia eu de me queixar?

 

O meu problema não é amar-te loucamente

O meu problema são os poemas são os livros que escrevo e que leio e que não me canso de ler e de escrever…

Esse sim um grande problema

 

O meu problema não é amar-te loucamente

O meu problema é amar-te loucamente

 

 

(Francisco)

Pedra azul

Conheci uma pedra azul

com lábios de mar

tem braços de saudade

e mãos de desejo

tem boca de amar

e poemas de beijo

conheci uma pedra azul

com olhos de sonhar

 

(Francisco)

PRIMAVERA

AMO-TE

SIM, AMO-TE

DESEJO-TE

SIM, DESEJO-TE

QUERO-TE

SIM, QUERO-TE

 

O VENTO SÓ SERÁ O VENTO

QUANDO O TEU CABELO FOR O VENTO

A CHUVA SÓ SERÁ A CHUVA

QUANDO A CHUVA FOR OS TEUS OLHOS

O SOL SÓ SERÁ O SOL

QUANDO O SOL FOR O SOL DOS TEUS LÁBIOS

 

O TEU CORPO SÓ SERÁ A PRIMAVERA

QUANDO A PRIMAVERA FOR A LUA

E O LUAR

SER O TEU CORPO

SER O MEU MAR

 

(Francisco – 13/04/2024)

O sofrer do amar luar

O sofrer do amar luar

O querer ou não o ter

Não ter tempo

Não ter lugar

 

O sofrer do amar luar

O primeiro beijo invisível da manhã

Bom dia meu amor

Não ter tempo nem lugar

 

O sofrer do amar luar

Se a noite te trouxe o desejo

Se a noite não te querer

Não ter lugar

Para viver

 

(Francisco – 13/04/2024)

A NOITE

A NOITE É UM CORPO SEM BOCA

É UMA BOCA SEM BRAÇOS, SEM PERNAS

A NOITE É UMA BOCA, É UMA LANTERNA

QUE AMA OUTRA BOCA

A BOCA É POUCA

E A NOITE É LOUCA

E É TÃO POUCA

 

EU SOU A NOITE

E NÃO TENHO CORPO

MAS SOU LOUCO

 

A NOITE É UM CORPO SEM CABELO

É UMA PEDRA LAPIDADA, É UM DIA FLORIDO

NAS MÃOS DE UMA AMADA

 

A NOITE É UMA SANZALA DE BOCAS, É UM UÍSQUE QUE DURA A NOITE TODA,

QUE DESCE À NOITE,

QUE SOBE A UMA OUTRA NOITE,

NO ENTANTO, PERCEBO QUE ESTA NOITE PASSADA, AMEI-TE, LOUCAMENTE,

COMO NOITE.

 

A NOITE É UM CORPO SEM BOCA

É UMA BOCA SEM BRAÇOS, SEM PERNAS

A NOITE É UMA BOCA, É UMA LANTERNA

QUE AMA OUTRA BOCA

A BOCA É POUCA

E A NOITE É LOUCA

E É TÃO POUCA

QUE AMA OUTRA LANTERNA

 

A NOITE É UM CORPO

SEM BOCA

 

 

(Francisco, 13/04/2024)

sexta-feira, 12 de abril de 2024

É este o amor

É este, o amor, sentido proibido da noite,

há um semáforo, está encarnado, e o amarelo é uma vertigem, uma imagem interrompida pelas ondas do mar.

É este, o amor, suicídio complexo, quando o poeta corta o pulso, e em vez de sangue, há um jorro de sílabas, estão tontas,

e apaixonadas.

 

Há uma vírgula que beija loucamente um ponto de interrogação, e este, com ar de gozo,

tu me amas?

Que dirá a vírgula, quando a única e despedida palavra

É SIM.

 

É este o amor, de te amar e de me querer esconder

sobre a árvore junto ao rio,

é este o sono, é este o amor, miserável viver, escrever

escrever sobre o mar.

 

É este o amor, este sentido proibido da noite,

milhões de vidas, para quase meia dúzia de corpos,

e duas ou três bocas.

É este, é este o amor, milagre invisível das flores solteiras, há uma lágrima dentro deste amor, há uma espada que se crava a cada rotação da terra, é funda, tão funda a margem deste rio.

 

(Francisco, 12/04/2024)

Quase

É quase o mar, quase gente, quase morte.

É quase luar, quase, é quase sorte

encontrar

uma lâmpada de néon no mar.

 

É quase Primavera, quase, quase madrugada.

É quase tombo certo quando desço esta calçada

que é quase, é quase amanhecer

é quase morte, é quase viver.

 

É quase loucura,

é quase destino, quase… é quase ternura

que este jardim sente.

 

É quase manhã, quase… é quase tormento

no destino do vento

em ser quase gente.

 

(Francisco)

12/04/2024

Loucamente

Loucamente te amei

quase louco te amei

e fiquei.

Loucamente inventavas

na folha alumínio da minha mão

círculos

paixões.

 

Insónias.

Diarreia

dores 

suores… 

loucamente te amei

e quase louco fiquei,

no entanto, às vezes, apetece-me amar-te novamente,

novamente louco

loucamente te amar.

 

(Francisco)

12/04/2024

Branca égua

Branca égua no silêncio acordar, salta sobre o mar a cobra com sua boca a arfar,

na sua boca semeia,

lança…

o veneno que me vai matar.

 

Branca égua no silêncio acordar,

que não acordará mais,

quando a este rio pertencer o lápis

e a vírgula,

a branca égua no silêncio acordar…

em despedida.

 

Branca égua no silêncio acordar, o sabre que esquarteja o vento

dentro de uma pirâmide de insónia,

branca é a égua,

no alimento

e na estória.

 

(Francisco)

12/04/2024

Só, este corpo esquelético, este corpo apedrejado

pela noite severa, se a lua me alegra,

eu direi que não

não me alegra esta lua.

 

Só, este corpo de papel, este corpo de palavras…

Que a noite devora, que a noite

inventa nas estrelas. Só, este corpo

que me entristece, neste corpo… que emagrece.

 

(Francisco)

Vida

É isto a vida,

mas, que vida?

Uma vida

não vivida,

não ter onde dormir

ou comer,

é isto a vida,

esta vida de viver?

 

Que vida,

que rica vida…!

Dormir no carro,

abrir o vidro,

olhar as estrelas…

Que rica vida, esta vida!

 

(Francisco)

12/04/2024

Lírios da tua noite

Quem são os lírios da tua noite, quantos são, os lírios da tua noite,

Quando imagino a tua noite, uma noite como tantas noites, um pouco diferente, da minha noite.

Como são, os lírios da tua noite, quando a tua noite é a parte feliz da lua, e a minha noite, é a parte escura da lua.

 

Como se chama, cada lírio da tua noite, como se sentam sobre o mar, cada um dos lírios da tua noite.

Quem são, quantos?

Os lírios, meu amor

da tua noite.

 

(Francisco – 12/04/2024)

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Hoje não é sexta-feira

A cena passa-se numa esplanada.

uma mesa, quatro cadeiras,

apenas uma cadeira está desocupada,

estão sentados à mesa, um poeta, o migo do poeta e um livro de poesia

o poeta sorri e diz; está um lindo dia.

O amigo do poeta, diz; tenho mais dias infelizes, do que felizes, no final de cada mês,

e quanto ao livro de poesia,

folheava-se nos dedos da sombra.

 

A cena passa-se numa esplanada.

Um pedaço de sombra, dispara uma espingarda,

o livro de poesia, tomba no pavimentado chão.

O poeta, deita a mão ao peito, e exclama baixinho: já não tenho coração.

O amigo do poeta, ao ver toda aquela cena, levantou-se, puxou de um cigarro…

E deitou-se no chão como se fosse uma pedra, à procura de uma mão.

 

Então, depois do pôr-do-sol, os três homens levantaram-se, poisaram as mãos na algibeira,

alguém gritou;

fujam, fujam que hoje não é sexta-feira.

 

(Francisco)

11/04/2024

Por ti

Por ti

Oiço o Oceano Pacífico online, e por ti

Deixei de ouvir a TSF,

Não sei, irrita-me.

Por ti, oiço o Oceano Pacífico online, fecho os olhos, e sinto todo o mar dos teus olhos, a aproximar-se, dos meus olhos.

 

Fechos os olhos e estou sentado no jardim, finais de 80 e princípios de 90.

E por ti, agora, oiço

O afagar da tua voz quando os meus olhos te olham como se fosses o único raio de sol da manhã,

No entanto,

Oiço o Oceano Pacífico online.

 

Por ti

Oiço,

Que direi, a cada poema que eu escrevia no silêncio da sombra dos plátanos,

Tenho saudades, de quando me vestias de plátano, davas-me a mão…

E só acordávamos quando a tua mãe te perguntava

Quem era o poeta.

 

Por ti,

Oiço o Oceano Pacífico online…

E claro, eu só posso estar maluco

Quando o Oceano Pacífico online me traz uma Lisboa urbana, arranjadinha, traz-me um rio, putas, traz-me o mar e a Calçada da Ajuda.

Traz-me Belém.

Traz-me Santa Apolónia,

Santarém,

E trazia-me droga.

 

Oiço o Oceano Pacífico online, sou transportado em viagem acessória,

Com pouca bagagem,

Para um outro apeadeiro, que juro, jamais quero voltar;

E juro que rezo,

Nunca mais essa fotografia olhar.

 

Por ti,

Oiço…

Hoje.

O Oceano Pacífico online.

 

(Francisco)

11/04/2024

De ti me despeço liberto

De ti me despeço liberto

Coberto

Por este oiro amansado,

Me desculpem… mas sinto-me muito cansado

 

Do cansaço de me despedir.

Despeço-me e vou partir

E vou para onde o vento me levar…

Nem que o meu último destino, seja o mar.

 

De ti me despeço liberto

Na boca de um leão faminto

Libertino e sabedor do que está certo.

 

De ti me despeço liberto

Por ti estou neste labirinto…

Sem saber o que é correcto.

 

 

(Francisco)

11/04/2024