Das sete espadas do inferno
Recebo as cabeças dilaceradas
pelo poema em veneno,
Depois, pego em todas as
palavras e semeio-as na sombra desenhada pela noite,
Mausoléu do silêncio, vírgula
suspensa na tarde,
Das sete espadas, recebo
o primeiro beijo da madrugada,
Vestido de negro,
E pincelado de medo.
Do rio sonolento, as
vozes do inferno, chamam-me e apelam-me…
“que o dia se transforme
em noite,
E as estrelas,
Em beijos croché com
pedacinhos de sonho…”
Nunca terás as chaves do
céu, dizia-me ele antes das sete espadas…
Partirem em direcção ao
nada,
Quando o dia se cansa da
tarde,
E velozmente,
Suicida-se na mão do
Magala que está sentado na Torre de Belém.
Das sete espadas do
inferno
Recebo as cabeças dilaceradas
pelo poema em veneno,
Recebo o livro, recebo a
morte,
Depois,
Sento-me e olho pelas
janelas do inferno…
A planície vestida de branco,
Com árvores em papel,
Depois,
Sento-me e olho pelo
tecto do inferno…
As estrelas vestidas de
silêncio
E o sol,
E o sol olha-me,
Puxa-me…
E abraça-me como quem
abraça a tempestade.
16/09/2023
Francisco
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