Despeço-me deste navio,
deste porto envenenado, deste navio sem rumo.
Despeço-me deste pobre
navio, que perdido no mar,
Que esquecido de mim
Que me odeia,
Que tem raiva da minha sombra.
Despeço-me deste navio,
Enquanto do outro lado do
rio, uma gaivota em cio,
Me segreda,
Que este navio é um fantasma
que a noite trouxe,
Que a noite há-de levar,
Para longe.
Despeço-me deste navio que
me odeia,
Que não tem nome,
Nem bandeira,
Neste navio em pequenos
parágrafos de desejo,
Descendo a calçada,
Subindo ao ponto mais
alto…
Daquela muralha,
Despeço-me deste navio,
Deste comandante louco,
Deste comandante poeta,
Quando sei que este
navio,
Aos poucos,
É uma janela para o mar.
Despeço-me deste navio…
Pedacinho de luz
Que corre sobre a ponte,
Deste navio enferrujado,
Doente,
Cansado…
Despeço-me deste navio
com cheiro a putrefacção
E poesia de esquecer,
Neste navio de amar
Quando este navio,
Qualquer dia…
Me abraçar.
16/07/2023
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