domingo, 16 de julho de 2023

Navio

 

Despeço-me deste navio, deste porto envenenado, deste navio sem rumo.

Despeço-me deste pobre navio, que perdido no mar,

Que esquecido de mim

Que me odeia,

Que tem raiva da minha sombra.

Despeço-me deste navio,

Enquanto do outro lado do rio, uma gaivota em cio,

Me segreda,

Que este navio é um fantasma que a noite trouxe,

Que a noite há-de levar,

Para longe.

 

Despeço-me deste navio que me odeia,

Que não tem nome,

Nem bandeira,

Neste navio em pequenos parágrafos de desejo,

Descendo a calçada,

Subindo ao ponto mais alto…

Daquela muralha,

Despeço-me deste navio,

Deste comandante louco,

Deste comandante poeta,

Quando sei que este navio,

Aos poucos,

É uma janela para o mar.

 

Despeço-me deste navio…

Pedacinho de luz

Que corre sobre a ponte,

Deste navio enferrujado,

Doente,

Cansado…

Despeço-me deste navio com cheiro a putrefacção

E poesia de esquecer,

Neste navio de amar

Quando este navio,

Qualquer dia…

Me abraçar.

 

 

 

16/07/2023

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