Aos poucos…
Aos poucos despeço-me da
vida,
Não da vida, vida,
Mas da minha vida.
Aos poucos despeço-me
destes livros,
Quem gosta de livros…
Ninguém,
E os poetas,
São todos odiados…
Porque dizem o que
sentem,
Porque escrevem…
Porque escrevem o que não
dizem e escondem o que deviam dizer,
No fundo…
São uns idiotas.
Aos poucos despeço-me,
Aos poucos ainda tenho paciência
para ouvir AL Berto…
Oiço-o a todo o dia,
Oiço-o a toda a hora…
Durante a noite,
E sim,
Sei lá eu…
Aos poucos despeço-me
destes traços que semeio no branco papel,
São horríveis, confesso,
Horríveis,
Horríveis são os meus
poemas…
E não me queixo,
E não me queixo…
Não me queixo com aquilo
que não quis da vida,
E também não queixo…
Com o que a vida me quer
tirar…
Ou dar,
E sim,
Sei lá eu…
Oiço-o…
E penso.
Que me despeço,
Não da vida,
Mas da minha vida,
Que só escrevo marda,
Que só desenho merda…
E sim,
Sei lá eu…
Aos poucos,
Aos poucos penso,
O que poderá pensar,
Um idiota como eu?
E que sim…
Que pensa…
Sei lá eu…
Em que pensa,
Sei lá eu em que pensa um
idiota,
Sendo eu outro idiota…
Não sei…
Não sei em que pensa um
idiota … um idiota como eu.
Mas a terra roda,
Deita-se, dorme e sonha…
E de tantas vezes,
Muitas vezes…
E quando oiço o AL Berto
a declarar…
“o mar todo, entra pela janela”
…
Abro a janela,
Espero…
Espero.
E mar algum entrou pela
minha janela.
Francisco Luís Fontinha
18/06/2023
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