quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Da minha janela

 Sei que desta janela nunca verei o mar

Porque o mar está longe

Muito longe

E desta janela

Também não verei o rio

Não está muito longe

E também não está muito perto,

 

E para que da minha janela

Eu

Eu mesmo

Veja o mar

E veja o rio

Preciso primeiro

Ir à janela

Puxar por um cigarro

Arregaçar as mangas da camisa

E gritar…

 

Marrrrrrrrrrrrrrrrrrrr

Riooooooooooooooooo

 

Dou uma baforada no cigarro

Suspiro

E o mar e o rio e a lua e anoite

Todos

Entram pela janela

E deitam-se sobre a minha secretária.

 

 

 

 

 

Alijó, 22/12/2022

Francisco Luís Fontinha

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