Oiço as estrelas que dormem
As estrelas que rumam em
direcção ao mar
Oiço-as enquanto sentado
nesta pequena pedra de silêncio
Te escrevo
Enquanto a noite não vem
Enquanto as oiço
E peço perdão às palavras
Enquanto estou vivo
E sentado
Deixo-me ir com o vento
Deixo-me ir
Por aí
E por aqui
Tanto faz onde estou
Apenas preciso de estar
vivo
De fumar
E de beber coisas
Ou até mesmo de fumar
coisas
E beber pequenos
pedacinhos de nada
Fumar palavras
Fumar… fumar as
madrugadas
O importante é viver
Estar vivo nesta selva de
palavras
Nesta selva de invejosos
Oiço as estrelas que dormem
As estrelas que rumam em
direcção ao mar
E também oiço as estrelas
que nunca dormem
E que nunca comem
Tão pouco fumam e bebem
coisas… coisas estranhas
Estrelas da manhã que oiço
nas tardes do dia seguinte
Das tardes junto ao rio
Junto ao rio das estrelas
que bebem e fumam coisas
Coisas estranhas
Estranhas noites das
estrelas que dormem
E termina o dia nas mãos
de uma criança.
Alijó, 29/12/2022
Francisco Luís Fontinha
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