Trazias-me o sono envenenado
Que a noite lançava nas
pequenas esquinas de luz
E não sabias que dentro
de mim
Uma radiografia de
insónia
Gritava na madrugada
Depois
Abria a janela onde podia
ver as lágrimas do poema
E percebia que dos teus
olhos
Uma mão invisível me
tocava
Como tocam as flores nas
rugas do sol
Pegava nas pedras
ausentes que a calçada
Me atirava
Pegava nas palavras que
da tua mão se erguiam
Sobre o meu corpo
Em putrefacção nos
libertados ossos do mar
E a morte já me pertencia
O medo
Quando as lâminas do
desejo
Se abraçam aos meus
braços em suicídio
Quando um pequeno barco
zarpa dos teus lábios
Trazias-me o sono
O derradeiro veneno que
lanças nas águas envergonhadas
E das tristes paredes da
cidade em combustão
Um espelho suspenso na manhã
Cortava-me a cabeça e
vinha a mim o medo do regresso
Alijó, 13/11/2022
Francisco Luís Fontinha
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