sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Destes barcos sem nome

 Abraço-me a este pobre rio

Onde poisam os barcos sem nome

O comandante

Bebe as lágrimas dos subúrbios da insónia

E sobre os ombros

 

Os dedos imaginários das tuas mãos

A serpente de Deus

Brinca no teu pescoço

E um beijo voa sobre o mar

A casa

 

A casa é indivisível

E um portão de ferro

Apreende as primeiras lágrimas da manhã

Batem à porta

Senta-se sobre a sombra e enforca-se com o poema

 

Em pedacinhos de sono

A mesinha-de-cabeceira geme

Como gemem os gonzos das portas por onde entro

E destes sonhos que me despeço

O mar leva-me

 

E parto em busca dos teus cabelos

Que semearam as planícies do teu diário

E dos dias das minhas mãos de luz

O silêncio

Deste rio onde poisam os barcos sem nome.

 

 

 

 

Alijó, 25/11/2022

(Francisco)

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