Abraço-me a este pobre rio
Onde poisam os barcos sem
nome
O comandante
Bebe as lágrimas dos subúrbios
da insónia
E sobre os ombros
Os dedos imaginários das
tuas mãos
A serpente de Deus
Brinca no teu pescoço
E um beijo voa sobre o
mar
A casa
A casa é indivisível
E um portão de ferro
Apreende as primeiras
lágrimas da manhã
Batem à porta
Senta-se sobre a sombra e
enforca-se com o poema
Em pedacinhos de sono
A mesinha-de-cabeceira
geme
Como gemem os gonzos das
portas por onde entro
E destes sonhos que me
despeço
O mar leva-me
E parto em busca dos teus
cabelos
Que semearam as planícies
do teu diário
E dos dias das minhas
mãos de luz
O silêncio
Deste rio onde poisam os
barcos sem nome.
Alijó, 25/11/2022
(Francisco)
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