sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Beijos de prazer

 

Poisa na minha mão adormecida

Uma abelha de luz envenenada,

Sinto-a escrever nesta dor

As derramadas palavras de adormecer,

Sinto-a, sinto-a crescer

Neste tranquilo jardim em flor.

Da abelha, da abelha apaixonada

À eterna partida,

As sílabas do amor.

Poisa neste verso alicerçado

Do triste caderno quadriculado,

As amêndoas pequeninas,

São tuas, são minhas,

São palavras são rainhas.

E então, ao acordar,

Sinto-as nos beijos pergaminho,

São equações de sangue,

São presépios e vinho,

São palavras, palavras do meu vizinho.

As fórmulas que tenho de saber,

São elas também palavras de aprender,

São o mar a arder,

São desejos de prazer.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 24/09/2021

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