(…)
A
Poesia,
E
eu igual ao espelho que vive no meu quarto e me acompanha nas manhãs de
Primavera,
O
teu corpo sempre igual, escultura abstracta da caligrafia envenenada pelo sexo
embainhado nas canções de viver,
A
Poesia...!
Morreu,
E
o poeta...
Partíamos
sem regresso, ouvia dos pulmões do paquete a respiração ofegante, a cidade
desembrulhava-se do silêncio do mar como um rebuçado acabado de atracar ao cais
da infância, só tínhamos um caixote com algumas recordações, retractos, poucos,
e roupas...
E
o poeta?
Trapos,
restos de ossos, nas mãos o cansaço das sombras da aldeia acabada de se
esconder dentro da eira granítica da solidão,
Partíamos...
Sem
regresso, inventava a “mulher clitóris” e percebia que os Mão Morta pertenciam
ao meu futuro, e que um dia
O
Poeta?
Morreu,
e que um dia mataria as horas e os minutos...
(…)
Francisco
Luís Fontinha
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