Espero-te
junto à ribeira assassina
Como se
fosse um cadáver enfeitado
Meia dúzia
de ossos putrefactos
Esperando o
regresso do coveiro
Das tranças
da menina
A lareira
coberta de cactos
E miudezas
sem rima…
O corpo
desfalcado
Nas mãos do
oleiro
Primeiro
O ventrículo
desajeitado
Que tenho no
meu peito
Ai… ai
menina esse olhar
Sentado na
escrivaninha…
A semear
palavras
Palavras de
escrever
Apetece-me chorar
Apetece-me
esconder…
Confesso-me…
sem jeito
Nem
paciência para habitar o silêncio do amanhecer
Que morre ao
nascer…
Que morre
sem querer.
Francisco
Luís Fontinha
09/12/16
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