sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Ribeira assassina


Espero-te junto à ribeira assassina

Como se fosse um cadáver enfeitado

Meia dúzia de ossos putrefactos

Esperando o regresso do coveiro

Das tranças da menina

A lareira coberta de cactos

E miudezas sem rima…

O corpo desfalcado

Nas mãos do oleiro

Primeiro

O ventrículo desajeitado

Que tenho no meu peito

Ai… ai menina esse olhar

Sentado na escrivaninha…

A semear palavras

Palavras de escrever

Apetece-me chorar

Apetece-me esconder…

Confesso-me… sem jeito

Nem paciência para habitar o silêncio do amanhecer

Que morre ao nascer…

Que morre sem querer.

 

 

Francisco Luís Fontinha

09/12/16

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