Os
cigarros no atropelo da noite
Sem
ninguém junto ao luar,
Os
viciados poemas cansados de lutar
Na
ânsia da alvorada,
O
preguiçoso mosquito… sobre a mesa-de-cabeceira,
Entre
círculos e quadrados,
Entre
geringonças e roldanas falsas,
E
de cabeça lapidada…
Vou-me
a eles,
Aos
cigarros,
Fumo-os
e escrevo no teu ventre a poesia anónima do destino,
Corro
sobre o arvoredo,
Salto
a montanha,
E
sento-me nos rochedos da miséria,
Vagabundo
vegetariano do mundo indefeso,
Sinfonia
dos morcegos
Nas
tardes junto ao rio,
Ao
longe o teu olhar cor de pérola amargurada
Difuso,
Distante
dos meus olhos vidrados pela geada,
Os
cigarros em transe,
A
madrugada sitiada
No
meu coração…
E
sinto-me um prisioneiro do amanhecer,
E
sinto-me um cardume indefinido pelo sexo, idade ou religião…
Perco-me
em ti,
Como
se fosses uma transatlântica manhã de Inverno
Sobre
os carris da insónia,
Grito,
Grito
enquanto dormes sobre o meu peito,
E
se me ouves…
Diz-me…
Como
se chamam as pedras do teu sorrir
Que
me acordam ao entardecer.
Francisco
Luís Fontinha
sexta-feira,
6 de Maio de 2016
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