segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Como se fôssemos duas caravelas à deriva na rua de uma qualquer cidade


Como se fôssemos duas caravelas à deriva na rua de uma qualquer cidade

Andávamos de maré em maré

De amarra em amarra

De luar em luar

Sem percebermos que o abismo habitava nas nossas algibeiras ténues

Sem nada para oferecermos

Como um circo ambulante

Como nós

De terra em terra

Palmilhando areias nunca antes desenhadas

Por duas crianças

Em busca do pôr-do-sol,

 

Veio a loucura

A paixão

O nocturno desejo dos pássaros…

E a morte das palavras na lápide da solidão,

 

Sou um corvo que nunca aprendeu a voar

Detesto putrefacção

Sou esquisito

Na alimentação

Gosto de cereais

Pequenas sementes

E pedacinhos de pão…

Como se fôssemos duas caravelas à deriva na rua de uma qualquer cidade

Não precisávamos de um rio

Mar

Ou o vento para abraçar as velas

Que se esconde na poja.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

segunda-feira, 4 de Janeiro de 2016

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