Como
se fôssemos duas caravelas à deriva na rua de uma qualquer cidade
Andávamos
de maré em maré
De
amarra em amarra
De
luar em luar
Sem
percebermos que o abismo habitava nas nossas algibeiras ténues
Sem
nada para oferecermos
Como
um circo ambulante
Como
nós
De
terra em terra
Palmilhando
areias nunca antes desenhadas
Por
duas crianças
Em
busca do pôr-do-sol,
Veio
a loucura
A
paixão
O
nocturno desejo dos pássaros…
E
a morte das palavras na lápide da solidão,
Sou
um corvo que nunca aprendeu a voar
Detesto
putrefacção
Sou
esquisito
Na
alimentação
Gosto
de cereais
Pequenas
sementes
E
pedacinhos de pão…
Como
se fôssemos duas caravelas à deriva na rua de uma qualquer cidade
Não
precisávamos de um rio
Mar
Ou
o vento para abraçar as velas
Que
se esconde na poja.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
segunda-feira,
4 de Janeiro de 2016
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