Cansei-me
da vida
Cansei-me
do amor
Do
dia em despedida
Nas
mãos de uma flor
Cansei-me
de ser eu
Sempre
o alpendre nocturno do adeus
Cansei-me
das cidades de vidro
E
dos Céus
Cansei-me
do silêncio em pergaminho teu
Os
dias enforcados na penumbra maré
Os
dias prometidos
Mortos
Todos
Fodidos…
Em
marcha a ré
Cansei-me
de mim
Cansei-me
de ti
Cansei-me
deles
E
cansei-me deste vadio jardim
Sem
Fé
Quando
aqueles…
Aqueles
bichos alimentando-se do desejo
Se
confundem com a madrugada
Assim
Assim
nada feito
Fico
sem perceber se amo
Fico
sem perceber se sou amado
E
percebo que amanhã é segunda-feira
Dia
de trabalho
Escrever
Dormir
Dar
uma volta ao caralho
Não
o sei
E
nunca o soube
Sei
que tenho atrozes
Reumatismo
E
quase cinquenta anos
Do
dia da despedida
A
despedida
Amo-te
Até
amanhã
E
adeus à Pátria…
Fodi-me
Foderam-me
Sou
um poeta enrabado
Sou
um poeta cansado
No
poema
Do
poema
O
poema do cansaço.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
domingo,
3 de Janeiro de 2016
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