terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Indigente


Sou um indigente conformado

Filho da noite quando a noite é noite

E do vento

Quando o vento é vento

Sou a palavra

Sou a jangada

Sou o esqueleto sem medo

Que habita numa calçada

Invisível

Apelidada de saudade

Sou um indigente saudável

Diplomado em perfumaria

Canso-me com a alegria

E choro com a melancolia

Sou triste

Aparente

Indigente

Agreste

Comestível às primeiras horas da manhã

Sou um indigente conformado

Sou gente

Que sente

O luar aprisionado

Num qualquer olhar

Numa qualquer cidade apilhada de fantasmas…

Sou um indigente

E sou homem do mar

Quando o mar era mar

E me trouxe

E eu vim

Vim aqui parar…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

terça-feira, 5 de Janeiro de 2016

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