Sou
um indigente conformado
Filho
da noite quando a noite é noite
E
do vento
Quando
o vento é vento
Sou
a palavra
Sou
a jangada
Sou
o esqueleto sem medo
Que
habita numa calçada
Invisível
Apelidada
de saudade
Sou
um indigente saudável
Diplomado
em perfumaria
Canso-me
com a alegria
E
choro com a melancolia
Sou
triste
Aparente
Indigente
Agreste
Comestível
às primeiras horas da manhã
Sou
um indigente conformado
Sou
gente
Que
sente
O
luar aprisionado
Num
qualquer olhar
Numa
qualquer cidade apilhada de fantasmas…
Sou
um indigente
E
sou homem do mar
Quando
o mar era mar
E
me trouxe
E
eu vim
Vim
aqui parar…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
terça-feira,
5 de Janeiro de 2016
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