Não,
Não
venhas falar-me de amor,
Da
paixão embriagada,
Entre
noites,
E
enxadas de geada,
Não,
não meu amor…
Não,
Não
venhas falar-me do mar quando fui eu que matei o mar em criança,
Não,
não meu amor,
Não
venhas falar-me desta cidade inacabada,
Só,
Sem
pessoas ou madrugada…
Não,
Não
pareço uma estátua,
Não,
Não
sou um esqueleto de rosas perdidas num qualquer jardim,
E,
e, no entanto, sinto-me envergonhado quando a noite se veste de despedida,
Os
relógios pintam-se de vermelho,
O
sangue do amor,
Dos
automóveis em cio…
Ruelas,
e o vício…
O
vazio,
A
escuridão dos seios entranhados na montanha do silêncio,
E
os poemas,
Não,
Não
venhas falar-me de amor,
Porque
o amor…
O
amor é uma enxada de geada.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira,
6 de Outubro de 2015
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