domingo, 23 de agosto de 2015

Os muros invisíveis da alma


Inventaram este suicídio para me acorrentarem aos muros invisíveis da alma,

Trouxe da vida as palavras e a noite,

Trouxe da noite

A luz incandescente dos corpos suspensos na alvorada,

Não tenho medo da solidão,

Nem medo de sofrer,

Não tenho medo da fogueira madrugada…

Brincando na minha mão,

Acaricio-te o rosto envenenado pela dor,

Inventaram-me este suicídio para me roubarem o sono

E as montras iluminadas da cidade,

Caminho abraçado ao vento…

Caminho procurando as montanhas sonolentas da paixão

Que só tu sabes onde se escondem,

Que só tu sabes o seu nome,

Inventaram-me este suicídio para me acorrentarem aos muros invisíveis da alma,

Vestiram-me de mendigo,

Venderam-me na “Feira da Ladra”…

E hoje pareço o luar alimentado pela tristeza,

E hoje pareço um amontoado de ossos envergonhados

Esperando o varredor nocturno do silêncio,

Esta cadeira onde te sentavas…

Parece um rochedo recheado de lágrimas,

Uma praia encalhada nas tardes de papel celofane

Onde apenas tu brincavas,

E da noite…

Trouxe também o embriagado olhar com que me olhavas.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 23 de Agosto de 2015

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