(desenho
de Francisco Luís Fontinha – Agosto/2015)
Regressa
o homem da “geada negra”,
Transporta
no rosto o término do dia,
Prepara
a bagagem para o passeio nocturno,
Pouca
coisa leva ele…
Senta-se,
puxa de um cigarro infeliz entranhado nas redes da paixão,
Acende-o,
e imagina-se numa praia recheada de ninguém,
Desenha
na areia a solidão da manhã,
Escreve
na maré a desilusão da madrugada,
Não
sabendo que a casa onde habitava… morreu,
Como
morrem todas as casas,
Todos
os livros
E
todas as ruas da cidade imaginária,
Ouve
um concerto de piano,
Pega
no jornal… e depara-se com a sua fotografia na secção de… “desapareceu de sua
casa…”,
Não
acreditou,
Gritou,
Nem
um pássaro para lhe afagar o cabelo,
Nem
um barco para lhe enviar um simples “adeus”,
A
vida comeu-o como ele comeu a vida
Estamos
quites… “dizia ele”,
Nada
devo à vida,
Nem
a vida me deve nada…
Até
que o relógio cessou de galgar as límpidas alvoradas de xisto,
E
o homem da “geada negra”, hoje, dorme junto aos cardos abandonados.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira,
27 de Agosto de 2015
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