quarta-feira, 20 de maio de 2015

Acorrentado


Imagino-te embrulhado no sono,

Brincas nos sonhos da dor

Como se fosses uma gaivota em voo rasante,

Consciente

Que nunca mais regressarás,

Às minhas palavras,

Às ruas de Luanda,

E aos Musseques de sorriso zincado,

Imagino-te deitado

Acreditando que ainda és capaz de voar,

Mas…

Meu querido,

 

As tuas asas estão tão frágeis como um telhado de vidro,

E os teus braços tão pesados como um rochedo em decomposição,

Putrefacto,

Húmido como o cacimbo da tua imagem,

Perdida numa qualquer paragem,

Sentes o ruído do machimbombo,

Tens medo dele

Como eu tinha medo do mar,

E hoje

E hoje estou acorrentado à paixão,

Do mar,

E da tua mão…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 20 de Maio de 2015

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