Podia
ser rico
Ter
gajas boas
Mas
gosto de livros
E
de gajas
Podia
ter
As
gajas e os livros
E
ser rico
Não
Assim
não
Gosto
do meu cão
Mas
Não
Os
cães são um poço de tristeza
Um
morre de nada
E
o outro
Velho
Em
fuga no dia do seu aniversário
Podia
ter uma casa
Um
carro
Mas
Não
Apenas
uma cabana sustentava o meu desejo
Uma
gaja boa
E
dispensava o carro
Prefiro
um burrinho
Calminho
Que
seja poeta
E
escreva palavras na nossa vidraça
Amo-te
Amei-te
Não
Sei
O
burrinho dançando no quintal das palavras
E
as palavras comidas
Pela
minha gaja
Não
Tenho
Pressa
do teu sorriso
Mas
vejo nos teus olhos
As
searas húmidas do desejo
O
poeta
Burrinho
Acariciando
a tua mão
Tão
querido
Eu?
O
burrinho?
Não
parvalhão…
Tu
Meu
Amor
A
viagem de fim-de-semana
As
casas ruidosas na penumbra madrugada
A
vaidade de uma rosa
Masturbando-se
nas salinas do cansaço
Troce-se
Verga-se
sobre as almofadas do desenhado orgasmo
E
Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…
Chove
lá fora
Imagino-me
vestido de poema
Nos
lábios do burrinho
Fiel
amigo
Companheiro
Podia
ser rico
Ter
gajas boas
Mas
gosto de livros
E
de gajas
Podia
ter
As
gajas e os livros
E
ser rico
Não
Assim
não…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira,
6 de Abril de 2015
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