Eu?
Nunca,
O
amor, a casa recheada de cacimbo e palmeiras desgovernadas, o meu
irmão reaparece e mal o reconheço, que estou mais velho,
cansado..., claro, tantos anos...
Como
estás, meu querido?
Eu?
Nunca
A
relatividade em equações, a luz enfestada de palavras e beijos de
adormecer, e eu
Eu?
E eu
olhando as singelas pálpebras do Oceano de prata, nada a acrescentar
em minha defesa, perdi-me na ponte do solitário adeus, morreram os
sonhos
Amanhã
Três
horas da tarde, cemitério da Ajuda, os sonhos, o corpo dela
engasgado nos rochedos da paixão, Foder ou não foder...
Eis
a questão do artista, a tela simplificada, amanhã restará uma
única sílaba ao acordar, o espelho
Mais
nada a acrescentar aos teus desejos, meu filho...
Cansei-me
das palavras, mãe, das flores, dos sonhos e das cidades de vinil,
cansei-me das mãos de porcelana da madrugada, sem janelas
O
cubículo?
Morreu,
algemou-se ao silêncio da noite, escreveu no olhar
Amo-te,
Escreveu
no olhar as suas últimas palavras, despediu-se das árvores,
despediu-se das gaivotas, cerrou os olhos, e
Vive-se
numa selva, dizia-me ela ao acordar, e eu
E
tantas coisas belas dentro de ti, e eu segmentado, e eu ensanguentado
das lágrimas das equações trigonométricas do sexo, o prazer, a
confusão de corpos numa cama imaginária, gemes, abraçam-se às
amoreiras do dia, acendem a luz, e
E
eu?
Nunca...
E eu
parecendo uma página velha de um velho livro, o reumático, as
atrozes, os pontos ocos suspensos no espaço, e mesmo assim, ela
Amo-te!
Claro
que não, claro que não...
O
que é o amor, meu querido irmão?
Coisas,
Nunca...
Percebi
porque o mar me abraçava.
(ficção)
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira,
6 de Março de 2015
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