Os teus lábios são
poesia
que os meus frágeis
dedos acariciam...
são uma ilha
sem nome
deserta
com cabanas de luz,
os teus lábios são
geometria
geometria cansada
riscos
traços
longitudinais
… e verticais
que não beijam
mais,
Os teus lábios não
pensam
sofrem
ou não sofrem...
os teus lábios que
mastigam as minhas palavras
quando uma caravela
desaparece no teu olhar
e sorri... lá
longe...
os teus lábios que
se perdem nas escadas do amanhecer
os teus lábios que
brincam no silêncio e não sabem escrever
… os teus lábios
madrugadas em papel
que o meu peito
absorve
que o meu peito...
transforma em cinza,
E voam
voam como insónias
prisioneiras de um Oceano de estrelas
e voam
os teus lábios
acabrunhados nos lânguidos lençóis de seda...
como pássaros sem
penugem...
como espingardas sem
balas,
os teus lábios que
matam
matam palavras...
matam... matam
cidades inteiras
os teus lábios são
telegramas fantasma
sem endereço
sem medo da noite...
Francisco Luís
Fontinha
Quinta-feira, 23 de
Outubro de 2014
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