Onde habitas, meu
amor das intempéries...!
regressadas visitas,
o adeus...
onde habitas, meu
amor das nuvens encarnadas,
quando das tuas mãos
rompem madrugadas,
e a melancolia...
nos abraços do dia,
onde habitas,
coração incendiado,
sem sorrisos, e no
desejo... inventas o cansaço,
e no desejo... os
teus lábios de púrpura insónia,
não tenho memória,
nem estória...
nas minhas tristes
palavras,
onde habitas, meu
amor das intempéries...
de vidro, de lata...
de chocolate,
no olhar uma
jangada,
e nos seios a janela
com vista para o mar,
os rochedos dos teus
sonhos,
onde habitas, meu
amor de prata,
navio, caravela...
sombra nocturna da cidade interrompida,
de vidro, de lata...
disfarçada de aço laminado,
assassinas-me nos
livros que nunca vou escrever,
amar, amar a
montanha esquecida,
amar o amanhecer...
como se ama um
cigarro a arder...
e no entanto, não
me canso de te procurar,
endereço
desconhecido,
País inabitado...
há um planeta em polpa de tomate,
um desenho,
uma ribeira recheada
de gente...
um café colorido de
amargura,
e no fundo da
chávena... as lágrimas de marfim...
a tristeza dos
quatro ventos enamorados,
a vodka embriagada
nas mãos de um Cacilheiro,
onde habitas, meu
amor embrulhada em prismas de luz,
como um velho tecido
estampado...
na inquietante
avenida onde dormem os homens desgraçados.
Francisco Luís
Fontinha
Sexta-feira, 24 de
Outubro de 2014
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