Quem és tu
marinheiro
que habitas o meu
corpo salgado...
que me aprisionas
aos rochedos do medo
e te escondes nos
esconderijos do silêncio
invento nomes
quando ela passa por
mim
só
como o luar agachado
na madrugada
de mão dada
com uma loira menina
como os muros de
xisto
de socalco em
socalco
oiço a enxada do
cansaço lapidar os corações de pedra
e tu
marinheiro
dentro de mim como
uma jangada
quem és tu
marinheiro
que apodreces os
meus ossos de cristal
e ela
tão bela
sem nome
sem... sem pedestal
caminha
palminha
os montes de papel
com odor a amanhecer
sentada numa
esplanada de brincar
oiço-as
as enxadas
amaldiçoadas
no altar do Oceano
mulher que me
acorrentas às palavras
e sofro
e sinto no meu olhar
o teu nome que não o sei
quem
quem és tu
marinheiro
que habitas o meu
corpo salgado
meu amor
vou apelidar-te de
Caravela
sem vela
sem rumo
correndo o meu corpo
salgado
e tu
marinheiro
serás eternamente o
meu comandante
que a solidão
guiará até ao cais da ansiedade...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 14 de
Setembro de 2014
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