Não tenho paciência
para as coisas simples,
transformo-me em
cometa,
sou um agregado de
poeiras vagueando no teu olhar,
gostava de ser
camaroeiro...
e enganar os
navegantes intrusos que invadem o meu silêncio,
fazia desaparecer
todos os barcos do oceano,
e sobre a
mesa-de-cabeceira... eles perfilados, esperando o cair da noite sobre
os invólucros das sanzalas inabitadas,
uma criança
sorriu-me e eu fingi que era apenas uma sombra,
ninguém... não
queria ver ninguém,
percebia-se nos meus
lábios as gaivotas acabadas de abandonar a linha de montagem,
rochedos rebeldes
com mão de azoto,
não tenho
paciência...,
o amor infinito que
arde num cinzeiro recheado de restos de cigarros inanimados,
sentia nos dedos o
peso do fumo obsceno das meninas que passeavam junto ao rio,
paciência,
não,
obrigado pelas
estrelas que me enviaste,
de nada me serviram,
mas colei-as nas
cartas de amor sem remetente,
tão tristes,
e tão belas quando
via o carteiro e lhe perguntava...
tem correio para
mim,
que não,
nada, e as palavras
quando poisavam nas minhas mãos...
desmaiavam,
tombavam como
cancelas de um qualquer apeadeiro esquecido numa fotografia,
que não,
que eu nada sentia.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sábado, 13 de
Setembro de 2014
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