De que servem estes
versos anónimos...
palavras suicidadas
em manhãs de Primavera,
canções de
adormecer,
quando da noite
apenas existe uma rebelde vontade de navegar,
um barco à deriva,
um barco procurando nas mansardas equações diferenciais os
insignificantes corações de areia,
um corpo circunflexo
esquecido na insónia,
de que servem...
estes versos
anónimos,
palavras cansadas
das mãos deste poeta,
palavras magoadas,
palavras assassinadas pela voz deste poeta...
de que servem estes
versos travestidos,
esperando junto ao
cais o amor regressar do infinito,
Sou uma caneta de
tinta permanente,
uma velha folha de
papel que embrulha meia dúzia de peixes...
mortos,
De que servem estes
versos se o amor é um telhado de vidro,
vem o granizo... e
pluf... pedacinhos de desejo voando em direcção aos teus lábios,
ruas recheadas de
transeuntes famintos,
comem as minhas
palavras,
comem-me... enquanto
eu escrevo as palavras comidas pelos transeuntes... famintos,
há sempre uma
garganta em volúpia madrugada que o teu olhar esconde,
há sempre um
estendal onde habitam bonecos de palha e bonecos... de palha,
sangrentos,
os rochedos onde
poisam os teus seios,
esperando as minhas
mãos de silêncio...
entro em ti,
absorvo-te como se fosses um grão de pólen,
entro em ti, e... e
percebes que eu sou o mar.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 13 de
Agosto de 2014
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