Viajo pelos cinzeiros envenenados das
manhãs de Primavera,
sinto a sombra deles impregnada na
minha janela,
oiço-os e vejo-os nas palmeiras do
quintal contíguo ao meu,
a manhã levanta-se e começa a
cambalear nas tuas mãos de desejo adormecido,
viajo e sei que existem pálpebras
encharcadas na neblina inventada,
à lápide o teu retrato, à lápide...
o teu nome reescrito e escrito pelas estrelas da saudade,
sou um cadáver imaginário que habita
na loucura,
corredores sem portas,
e tectos...
tectos descendo até não poderem mais,
cansados,
tão cansados que pedem licença ao
rodapé...
(por favor... ajudem-nos)
e o rodapé de livro na mão...
(quero lá saber... do pavimento não
passarão)
viajo dentro dos teus fluidos depois de
te levantares do meu corpo,
sei que está um crucifixo a
observar-nos... mas nada nos diz,
e apenas nos olha,
olha-nos como se fossemos dois pedaços
de madeira em combustão.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 11 de Março de 2014
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