não me recordo
esqueci a palavra mágica para ter
acesso ao teu coração de navegante
perdi-me na insónia
e acordei na ilha teu corpo desnudo
fatigante
como estrelas em morte por asfixia
não me recordo
não sei como se escreve a palavra
“amor”...
esqueci
e deambulo na rua com candeeiros de
solidão
naquela cidade onde habitavam
fotografias doentes
tão doentes que apenas se deslumbravam
nelas a claridade da saudade
o relógio que vivia na torre da Igreja
morreu
como morreram todos os Sábados da
minha alma
não me recordo
da Primavera
de como regressei
do mar
e da paixão das gaivotas em cio
não me recordo
de quando ainda tínhamos silêncio
e jangadas envenenadas pelos muros do
desespero...
recordo-me de recordar beijos
e sinto o odor dos lábios em pequenas
tempestades de desejo.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 22 de Abril de 2014
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