terça-feira, 22 de abril de 2014

a claridade da saudade


não me recordo
esqueci a palavra mágica para ter acesso ao teu coração de navegante
perdi-me na insónia
e acordei na ilha teu corpo desnudo
fatigante
como estrelas em morte por asfixia
não me recordo
não sei como se escreve a palavra “amor”...
esqueci
e deambulo na rua com candeeiros de solidão
naquela cidade onde habitavam fotografias doentes
tão doentes que apenas se deslumbravam nelas a claridade da saudade

o relógio que vivia na torre da Igreja morreu
como morreram todos os Sábados da minha alma
não me recordo
da Primavera
de como regressei
do mar
e da paixão das gaivotas em cio
não me recordo
de quando ainda tínhamos silêncio
e jangadas envenenadas pelos muros do desespero...
recordo-me de recordar beijos
e sinto o odor dos lábios em pequenas tempestades de desejo.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 22 de Abril de 2014

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