foto de: A&M ART and Photos
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Há no teu sangue a paixão do
amanhecer, penso eu,
vives como se fosses uma árvore
suspensa na solidão,
choras, sonhas? Há em ti as insígnias
da madrugada,
como lisas paredes ente a montanha e o
mar,
há no teu sangue a saudade da vida,
dos telhados em zinco perdidos nos velhos musseques...
há no teu peito uma rosa dentada, uma
Bedford amarela prisioneira a um cordel imaginário, sem folgas, sem
ruas, esplanadas, ou... ou simples palavras,
Há no teu corpo uma âncora em papel
que te fundeia ao cais da dor,
âncora salgada e filha do barco
marinheiro em combustão,
vives no teu sangue como serpentes
envenenadas, tristes... e ausentes,
há no teu sangue a noite onde escreves
poemas,
inventas rios e dos rios... recordas-te
do rio Congo? E das bananeiras pedindo-te perdão...
… ou... ou quando te deitavas na
areia límpida do Mussulo,
Há nas tuas veias o sangue da paixão,
penso eu,
aquele que te alimenta, o penhasco
bravio dos pinheiros mansos,
há em ti cortinados que encerram as
janelas do teu olhar,
meigo como as gaivotas, colorido...
sensato, há no teu sangue o meu sangue,
o sangue dos livros que leste e
depois... apenas lá,
lá... no longínquo Oceano de lata.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 12 de Março de 2014
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