foto de: A&M ART and Photos
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A flor do desassossego acorda-me com se
eu fosse um metro quadrado de terra não fértil
como se eu fosse um pedaço de papel
ainda não escrito
doente
debaixo da sombra dos embondeiros
oiço os mabecos vomitarem as sílabas
de aço das poucas palavras pronunciadas
gordas... acabadas
tristes como eu porque o dia não
cresce
porque a lareira do desejo afunda-se
nos cinzentos beijos da madrugada
“a flor tu” que o calendário da
paixão colocou na parede da minha mão...
“a flor tu” que eu recuso tocar
porque as nuvens prateadas são como as
sandálias... esquecem-se de caminhar
e morrem no mar,
E eu toco-te sem perceber que os
abraços são filhos do vento
e “a flor tu”
um fino esqueleto de luz voando sobre
as montanhas do prazer
a flor
a flor do desassossego acorda-me
enoja-me
faz de mim um velho mendigo sem casa
para habitar
sem palavras para escrever...
sem jardins
sem nada...
e eu toco-te e tu...
e tu... tocas-me pensando que sou uma
pedra de xisto esquecida nos socalcos do destino.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Quarta-feira, 1 de Janeiro de 2014
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