foto de: A&M ART and Photos
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Engasgo-me nas palavras tuas das
comestíveis ausentes marés do Inferno,
oiço o telintar da janela em fervor,
depois, as pétalas cinzentas desgovernam o leme da tempestade,
a saudade existe?
pergunto-te se me ouves quando adormeço
nos teus finos ombros de colmo... e sinto na tua pele o desejo
indesejado do sofrimento,
o cansaço da tua voz,
o vento da nuvem de gelatina que
sobrevoa a tua triste cama,
oiço...
finjo pertencer aos cadáveres
invisíveis como esqueletos fotográficos em fina prata,
o livro de ti como eu, ambos esquecidos
no oitavo andar das árvores de copa gaguez...
engasgo-me nas palavras, fumo os
cigarros embebidos em alfinetes de pura lã virgem,
e...
e dizem-me que do outro lado da rua,
uma criança brinca, passeia... pega na rosa dos teus lábios,
sente-se o beijo,
sente-se a tua mão pasmada sobre o
silêncio da alvorada,
e do nu teu corpo,
e do... e do nu teu corpo alguns ossos
desistem de sonhar...
e tu,
tu acreditas na saudade, no Inverno, e
tu... acreditas nas sandálias de corda... e tu...
… e tu dizes-me...
- Amanhã, num pedaço de papel,
deixo-te a minha dor.
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 30 de Janeiro de 2014
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