Foto de: A&M ART and Photos
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a voz incinerada da traição mergulha
nas esplanadas dos bosques solitários
habito no teu peito pela mendicidade
dos teus lábios de prata
habito na tua boca porque me exiges as
palavras da madrugada
sou um bandido vestido de negro
vomitando estrelas
inventando luares
mulheres
e agrestes segredos
a voz aloja-se nos meus braços e
acorrentam-me aos rochedos da paixão
o amor
o amor parece um livro de cinzas
mergulhado na lareira do desejo
amanhã... amanhã... amanhã acordará
o teu alegre beijo
tenho uma folha de pergaminho recheada
de silêncios palavras
e nenhuns azulejos brancos das paredes
tristes dos edifícios de soja
com sabor a limão
e rodelas de azeitona... a voz
incinerada alimenta-se dos teus alegres sorrisos
desenhados
esculpidos... as estátuas do Inverno
caminhando junto ao rio
tenho uma folha de sangue
uma veia que se esgota a cada milímetro
de saudade
a voz aparece depois de encerradas
todas as janelas do predicado verbo
a lareira acesa... come-nos como
percevejos animais de estimação
no colchão do amanhecer...
a voz incinerada da traição mergulha
nas esplanadas dos bosques solitários
(não revisto)
Sábado, 7 de Dezembro de 2013
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
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