foto de: A&M ART and Photos
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outra coisa qualquer transformar-se-á
em esqueleto de zinco
e o teu corpo permanecerá intacto e
indolor como as árvores do jardim da tristeza
haverá sorrisos disfarçados de ramos
e ramos
disfarçados de ramos... sem folhas e
sem lâminas de luz a atravessarem o horizonte
eu sentirei em mim as lâmpadas dos
teus lábios embainhadas nos meus pulsos
sangrarei como um animal selvagem
e sonharei como uma pedra pronta
afogar-se no rio da saudade
lembrá-te-ás de mim?
recordarás de como eram as minhas mãos
de peixe?
e os meus olhos de pálpebras de
vidro... como pronunciarás a palavra amor?
meu amor!
outra coisa qualquer aparecerá no divã
onde te deitavas
e te enrolavas dentro da minha circular
insígnia sombra recheada de estrelas encarnadas
outra coisa como um fino arame de papel
atravessará a rua dos cândidos
sonâmbulos depois de acordarem as mártires estátuas de pedra
desenhava-te no térreo pavimento de
capim argamassado como um túnel no centro das sílabas distraídas
parvas
e cansadas de ti
abraçava-te imaginando que abraçava
um cargueiro rasgando as vaginais marés
dos Oceanos púbis em transatlânticos
murmúrios que as palavras deixavam sobre a mesa-de-cabeceira
e adormecia acreditando que todas as
noites eram sábado...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 28 de Outubro de 2013
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